Foi exatamente a inexistência destes encontros dos moradores com as autoridades para debater estes itens, o maior motivador das dúvidas existentes. É estranho como o assunto vem sendo abordado pelo presidente da Ama Leme, uma associação que em tese deveria representar a comunidade local, sem distinguir síndicos ou moradores, mas respeitando todas as visões, abordagens, conceitos e princípios existentes. Seria inclusive salutar a posição contraria à introdução de milícias ou qualquer mecanismo de segurança paralela, mencionada no encontro acima citado.
O Leme vivencia períodos críticos desde o início deste século, fruto de uma crescente passividade dos órgãos públicos e particularmente da sociedade. Para um bairro tranquilo, a violência tem sido um motivo de reflexão, de amadurecimento, de organização para um crescente número de moradores que pensam movimentos comunitários em um patamar mais elevado e representativo, em contraposição às tradicionais formas burocráticas, falimentares e obscuras de algumas associações de moradores. Associações que merecem atualizações e transformações, como forma de recolocarmos em pauta seu funcionamento, seus mecanismos democráticos, sua transparência administrativa, importantes para a consolidação das relações democráticas, entre representados e representantes. Assim surgiram muitos movimentos no bairro, o SOS Leme, o Nosso Leme, o Leme da Paz, fundamentados na total ausência de representatividade e legitimidade da Ama Leme. Na ausência cristalina de transparência em sua forma de agir e interagir com este universo contraditório, complexo, plural e efervescente chamado: comunidade.
É estranho imaginar que os moradores estejam contrários à presença do Estado de Direito através dos seus mais variados órgãos, uma vez que:
1. O SOS Leme tem uma visão de bairro modelar sustentável à longo prazo;
2. O SOS Leme sugere uma reflexão sobre os destinos do Leme a partir da formulação do seu PEU (plano de estruturação urbana) inserido no Plano Diretor da cidade;
3. O SOS Leme busca, desde da sua origem, preservar o que resta da Mata Atlântica e restaurar as áreas de preservação ambiental;
4. O SOS Leme encoraja a mobilização de todos os moradores do bairro para inibir o crescimento informal e formal nas áreas privadas e públicas, pois o bairro encontra-se no limite de assimilação da expansão horizontal e, principalmente vertical;
5. O SOS Leme apóia um projeto de urbanização nas comunidades da Babilônia e do Chapéu Mangueira, desde que represente a sua incorporação ao bairro, desde que represente a formalização da titularidade familiar das propriedades, desde que as áreas privadas invadidas sejam contempladas com políticas tributárias compensatórias, desde que se estabeleça sistemas de cotas sociais de consumo mínimo familiar de água, gás e luz, em substituição aos reconhecidos gatos e ao consumo descontrolado destes serviços, enfim, desde que sejam estruturantes e inclusivos, de fato e de direito;
6. O SOS Leme, finalmente, debate de forma tranquila e transparente qualquer tema ou pesquisa, desde que conheça sua metodologia e tabulação. E o mais importante, que justifiquem melhorias sustentáveis na preservação do meio ambiente e na qualidade de vida do bairro, independente da sua localização.
Sebastian Archer
Coordenador Geral do SOS Leme